"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a
desonra, de tanto ver crescer a injustiça, De tanto ver agigantarem-se os
poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da
honra e a ter vergonha de ser honesto." (Rui
Barbosa)
Lutamos o bom combate, mas a vitória
ainda não nos assistiu. Somos qual um Davi que enfrenta um poderoso Golias. E
fomos reconhecidos Davi até pelo próprio Golias e seus escudeiros. Quisemos um
arco, não conseguimos a madeira (cortada pelo desmatamento); quisemos uma
forquilha para o estilingue, não alcançamos as galhas (podadas pela especulação
imobiliária).
Mas ainda temos a pedra. E somos rede
a substituir o pedaço de couro que precisa impulsionar essa pedra contra o
gigante, que se acovarda da batalha atrás de quem lhe carregue o escudo ou de
quem lhe construa armaduras de bronze, para eternizar-se na espoliação de uma
guerra ideológica não declarada, mas há muito levada a termo.
Se é verdade que um partido representa
mais que um pleito por dever ser (e de fato o é) um ideal de país, também é
verdade que não podemos retardar por mais 5 anos nosso ideal de nação por mera incapacidade
de atualização normativa, ou fuga à responsabilidade do Tribunal Superior
Eleitoral de corrigir a ilegalidade do cerceamento do direito sem a
constitucional e obrigatória fundamentação dos atos de órgãos seus que invalidaram
95 mil apoiamentos de forma inválida.
Mas a política é um exercício de
estratégia, tanto quanto um teste de integridade; é um constante fazer o que
não se deseja pessoalmente em prol do que se necessita coletivamente, resguardando-se
os limites da integridade, dos princípios e da ética. Assim é que sou rede, mas
quero (porque preciso e com urgência) ter uma melhor opção para a presidência
já e ainda no próximo pleito.
Não posso me dar ao luxo de aguardar
mais cinco anos: de espoliação silenciosa da falta de caráter e integridade em
uma suposta governança de coalizão que visa locupletar compadres; de corrupção
das prioridades de quem prefere cortar impostos de automóveis, com foco no
transporte individual em detrimento do coletivo, do que dos remédios, que
deveriam focar a saúde de quem já não pode contar com a eficiência do Sistema
Único de Saúde e que constrói estádios de bilhões para evento único no lugar de
escolas e hospitais de poucos milhões para uso constante; de quem derroga até
as normas do português para atender alguma vaidade pessoal.
Assim, mesmo sendo rede até a alma,
sem economizar nada de talento, de energia ou de coração para a criação do
partido que acredito nos permitirá um choque de qualidade na política e na
sociedade de um Brasil que quero melhor para todos, eu penso que não podemos
nos afastar da disputa presidencial de 2014 por um contratempo da legenda que
estamos criando e que já está marcada no sentimento coletivo.
E é como rede que armo nosso Davi
(pessoas de boa índole) para o arremesso da pedra (Marina) que derrotará nossos
Golias (a velha política). É como rede que digo que a hora da batalha (05/10)
urge em nossos calcanhares (que não podem ser de Aquiles) e que precisamos
considerar sermos a funda que lança a pedra, ainda que sob a égide de outra
legenda que não é a que eu quero, mas que seja a que é possível, para cessarmos
a espoliação de que todos SOMOS vítimas.
AMILCAR FARIA, 44, é servidor público federal, diretor de Programas de
Controle Social do Instituto de Fiscalização e Controle, membro do Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral e ativista autoral da rede sustentabilidade.
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