"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida.” (Abraham Lincoln)
O jornalista Leonardo Sakamoto, após observar alguns textos da internet
na última manhã de sábado deixou, meio que no ar, uma provocação saudável sobre
os novos hábitos de quem escreve, sobre a forma como alguns (não poucos) escrevem
e, principalmente, para quem eles escrevem.
Em seu texto (Por
que tanta gente gosta de escrever para o próprio umbigo na internet?) ele propõe (acertadamente) que alguns escrevem
para exibir-se, que muitos já o fazem preocupando-se em tornar seu “conteúdo” mais
atraente, enfatizando a forma e a aparência do texto (qual Narciso que quer se ver
refletido nas pupilas dos outros), mas que escrevem como que para si mesmos.
Penso que o que ocorre é, na verdade,
uma questão de conteúdo (ou de falta de conteúdo). Há quem tenha conteúdo, mas
não domina a forma. Há quem não tenha conteúdo, mas domina a forma. Há quem não
tenha conteúdo, nem domina a forma.
A maior dificuldade da maioria das
pessoas, hoje em dia, não é dominar a forma, mas sim adquirir conteúdo.
Ninguém dá o que não tem, mas apesar
dessa máxima, há muita gente querendo demonstrar ser o que não é, ou exibir um conteúdo
que não tem.
Ter conteúdo depende de valores, de
cultura, de capacidade de interpretação da realidade com base em suas
experiências pessoais e não em militantismo burro (por cego e surdo), de
experiência de vida, de abstração da realidade (simplificação para assimilar,
não redução para substituir).
O maior problema do país é a falta de
conteúdo pessoal, que geralmente é aprimorado com debates produtivos e
interlocuções construtivas.
Mas o que temos visto são pessoas a
agredirem gratuitamente qualquer forma de expressão diferente das suas, o que
fazem não para defender uma sua ideologia, mas por alguns poucos trocados ou
promessas de participação, difundindo jargões previamente pensados e chavões
anteriormente definidos (PIG, grande mídia, midiáticos, capital, terceira via, termos
que antes eram lutas de classe, capitalismo, poder armado, revolução,
subversivo, comunista etc).
Se ao escrever para si mesmos as
pessoas estivessem em real exercício de aprofundamento de uma reflexão interior,
ainda que compartilhando na internet para angariar opiniões sobre o assunto,
não haveria nada demais, mas em geral o fazem em exercício de vaidade ou de
esvaziamento de si próprios, acabando com a dúvida suscitada por Abraham Lincoln.
Escrever para o próprio umbigo é mais
fácil do que tentar travar embates civilizados (educados) em defesa de ideias.
Primeiro porque para isso seria preciso ter ideias, o que parece difícil para
muitos; segundo porque seria preciso falar (escrever) com educação e
civilidade, o que parece impossível para outros tantos; e terceiro porque seria
necessário combater argumentos e não pessoas, o que parece impraticável para muitos
outros.
Quem escreve para si mesmo não precisa
melhorar seu conteúdo, ele já tem todo o conteúdo que “acha” que precisa, ou
com o qual está disposto a se contentar, “Saka”?
AMILCAR FARIA, 44, é servidor público federal, diretor de Programas de
Controle Social do Instituto de Fiscalização e Controle, membro do Movimento de
Combate à Corrupção Eleitoral e ativista autoral da rede sustentabilidade.
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também:
Combate à Corrupção:
Solidariedade:
Controle Social da política e dos gastos públicos:
Conscientização Política:
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