“Fim algum é suficientemente
nobre para justificar o uso de um meio torpe para alcançá-lo!” (Al’Camir)
O jornalista, escritor e ex-preso político Celso Lungaretti, em seu
texto (E
agora, Josés?), publicado no site Congresso em Foco no sábado
último (16/11/2013), referindo-se a Zé Dirceu e
José Genoíno fez algumas colocações que suscitam
maiores reflexões.
Segundo ele, “a prisão sempre foi um acontecimento normal na
vida de um revolucionário”, que não tem do que se envergonhar (com o
que eu concordo) por ser preso por tentar abolir a exploração do homem pelo
homem.
Mas o que não é normal, e que deve vexar qualquer consciência, é uma
pessoa que já teve tantos ideais ser preso, não por tê-los, mas por deixar de
tê-los. Porque só alguém sem ideais públicos e sem a compreensão da importância
da troca periódica do poder (para a democracia) pode engendrar e tentar
executar a perpetuação de um plano de poder particular, ainda que partidário. Não
é uma democracia fortalecida o que querem alguns Josés.
O ex-preso político diz não concordar “com a decisão de alegarem
inocência, que é a mesma de quase todos os criminosos comuns”, mas
deixa de considerar que para assumir a responsabilidade de suas ações a pessoa precisa
estar sob a proteção de algum escudo, seja o da lei, seja o dos ideais, seja o
da verdade, seja o da consciência limpa (e convicta), seja o da virtude. Talvez
nenhum escudo conseguisse lhes justificar o injustificável perante a própria
consciência.
Acredita, em atitude bastante humana, “que é praticamente impossível
governar o Brasil sem comprar o apoio da ralé parlamentar, seja com pastas e
cargos, seja com grana”, mas esquece que para ser realmente
revolucionário é preciso enfrentar obstáculos e não aliciar corruptos, confrontar
dificuldades e não cooptar inescrupulosos, é preciso ser protagonista do bem
comum e não coadjuvante do mal privado.
Disse, qual sociólogo insipiente, “que, bem vistas as coisas, era melhor
fazê-lo com dinheiro do que colocando raposas para cuidarem de galinheiros”
porque “as maracutaias se multiplicariam como cogumelos”. É fato que se
multiplicaram, mas onde terá nascido a semente desse mal? E por que, tendo o
poder em suas mãos, não o combateram? Antes, aliaram-se a ele.
Analisou politicamente que “cometeram um grave erro político, ao cederem
à chantagem dos podres, incorrendo em ilicitudes para terem com que pagar a
eles. Mas, não foram movidos pela ganância.” Mas desconsidera o velho
ditado popular que diz que “quando um não quer dois não brigam”. Os hoje
condenados tiveram, preservada desde sempre, sua liberdade de escolha e o mau
uso dessa liberdade lhes custa, agora, uma outra liberdade.
Sugeriu, como simpatizante, “que assumissem suas responsabilidades,
tratando, em seguida, de levar ao conhecimento do povo o MAIS IMPORTANTE
NISSO TUDO: o fato de jamais terem levado ou pretendido levar vantagem pessoal”,
E aqui comete o engodo mais sutil: fugir à responsabilidade dos próprios atos
alegando que não intencionavam vantagem pessoal, mas vantagem a um partido ou a
um plano de perpetuação de poder.
A sutileza do engodo é tentar desviar o foco para quem teria sido o
beneficiado, quando o foco deve ser mantido em quem terá sido o prejudicado
pela conduta repreensível.
O prejudicado foi o povo, por ataque direto à democracia; foi o
militante, pelo contra-exemplo de conduta dos seus ídolos (ex-herois); foi a
população, pela queda no vazio comum politiqueiro de quem chegou ao poder
alegando a diferenciação ética (só estética); foi a esquerda, empurrada para a
vala comum da politicagem em detrimento da ideologia.
Esconde o escritor uma máxima universal: “Fim algum é suficientemente nobre para justificar o uso de um meio
torpe para alcançá-lo!” (Al’Camir)
Assegurou o estrategista sobre as frentes jurídica e política do embate
que, “por terem esquecido que a conquista dos corações e mentes deve estar
sempre em primeiro lugar, os petistas acabaram derrotados nas duas frentes”,
mas desconsiderou, no seu erro mais grave, que o que deve estar sempre em
primeiro lugar é a retidão de caráter.
Erraram os Josés.
Como seres humanos merecem nossa compaixão, apesar da punição (todos
somos suscetíveis ao erro, principalmente os que se envolvem no poder).
Como modelo de conduta, ídolos seguidos por muitos, merecem a execração,
pelo mal causado a quem merecia ter um modelo digno para seguir.
“Mas o mais triste de tudo é precisarmos
julgar e encarcerar um ser humano, porque ele não aprendeu a SER, só a ter (poder).”
(Al’Camir)
“E agora José?
A festa acabou,
...
Está sem discurso,
...
não veio a utopia,
...
e tudo mofou.”
(Carlos Drummond de
Andrade)
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também:
Combate à Corrupção:
Solidariedade:
Controle Social da política e dos gastos públicos:
Conscientização Política:
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