quarta-feira, 19 de junho de 2013

A bandeira da atual mobilização social

A bandeira da atual mobilização social


 
"Nada mais difícil de manejar, mais perigoso de conduzir, ou de mais incerto sucesso, do que liderar a introdução de uma nova ordem de coisas. Pois o inovador tem contra si todos os que se beneficiavam das antigas condições e apoio apenas tíbio dos que se beneficiarão com a nova ordem."
                                                        

A República vivia um momento conturbado. A corrupção generalizara-se em três décadas de (re)democracia. Vivia-se o vale tudo pelo poder. A bancarrota moral e ética ia à larga e a sociedade civil já se organizava em revolta pacífica.

A classe política perdera o pudor para manter-se no poder.

Corrompia-se. Vendia e comprava apoio para aprovar reformas paliativas sem pagar o preço justo (capital político) para aprovar reformas necessárias. Escudava-se no “uso de caixa 2”, como se isso não fosse crime.

Corrompia as prioridades. Construía estádios de bilhões para evento único ao invés de hospitais ou escolas de poucos milhões para uso contínuo; Isentava impostos de veículos que inviabilizariam o transporte urbano ao invés dos remédios que viabilizariam vidas humanas.

Corrompia o uso do dinheiro público. Desviando verbas para locupletar compadres, parentes ou laranjas (a si mesmos), condenando o povo a morrer à míngua por falta de hospitais, UTI’s, médicos, remédios ou atendimento.

Corrompia a sociedade. Dava bolsa “esmola”, que deveria ser mecanismo condicional de transferência de recursos, cuja condição (manter crianças na escola) quebraria o ciclo que gera a pobreza, mas gerava dependência econômica e fidelizava votos ao reduzir o nível da educação para escravizar os mais necessitados.

Corrompia a democracia. Fortalecia o fisiologismo político, ferindo de morte a independência e a harmonia dos poderes; fomentava o militantismo cego, surdo e burro, e a falta de consciência para a cidadania.
 
 
Mas a sociedade já se organizava em revolta pacífica e as pessoas começaram a deixar de ser apenas um rosto na rede virtual (um face no Book) para ser um cidadão nas ruas reais (um body in real). Imprensa e políticos foram pegos de surpresa pela revolta pacífica: e muitos fingiam não entender os motivos para tamanha mobilização.

Governadores exerciam sua (ag)nulidade política dizendo que o movimento não tinha bandeiras, políticos exerciam seu execrável interesse pessoal dizendo que o movimento era anarquia de vândalos, jornalistas exerciam miopia seletiva dizendo que o aumento das passagens de ônibus eram motivo de pouca monta.

Todos se perguntavam incrédulos: afinal qual a bandeira dessa atual (e enorme) mobilização social?

Como o movimento tinha forte caráter de ativismo autoral, sem liderança unificada por expressar o anseio de TODA a população, a resposta demorou a ser consolidada, mas veio no vigor da indignação popular:




Eis o que queremos para o país inteiro:

1) Real investimento em educação, queremos:

a) 400 escolas novas no GDF (para uso contínuo) já que gastaram 1,6 Bilhão no estádio (para evento único);

b) 200 creches públicas no lugar de convênios obscuros;

c) durante 20 anos, a aplicação real de 15% a 20% do PIB em educação (de base, média, superior e profissional) e após os vinte anos manter a aplicação de 10% do PIB;

d) educação federalizada (igual no país todo);

e) educação em tempo integral, que ampliará a autonomia pessoal e diminuirá a violência e o tráfico infanto-juvenis (retirando os jovens da situação de vulnerabilidade por excesso de tempo ocioso);

f) melhor salário para professores, para formarem cidadãos e não só transmitir conteúdo.
 

2) Real investimento em transporte público de massa e de qualidade, nos moldes de como é feito no mundo:

a) transporte de massa a trilhos e não a rodas que enriquecem inescrupulosos;

b) ciclovias seguras para transporte alternativo.

3) Real investimento em saúde:

a) ampliar leitos e construir 16 hospitais, pelo valor do estádio bilionário;

b) desoneração dos impostos sobre medicamentos, e não sobre carros;

c) melhor salário para médicos, para tratar pessoas e não cuidar de números;

d) criminalizar ação do gestor que deixar faltar medicamentos e atendimento público;

e) fortalecimento do Sistema Único de Saúde;

f) promover crimes contra a previdência e a saúde em hediondos e aumentar suas penas.

4) Real investimento em segurança:
a)    ampliar treinamento da polícia, para proteger pessoas e não combater cidadãos, com foco em ações de desmilitarização da polícia e das ações policiais;
b) equipar a polícia (veículos, coletes, TI etc), para servir ao cidadão e não abusar dele.
 

5) Afastamento cautelar de políticos condenados e ou envolvidos em corrupção - indícios fortes (José Genuíno, João Paulo, Renan Calheiros etc);  

6) afastamento de políticos despreparados para o exercício da presidência em comissões cujas ideologias dependem de atuação tolerante e humanitária e não homofóbica e oportunista (Marco Feliciano e Comissão de direitos humanos e minorias).

7) aumento da pena de perda de direitos políticos de 8 para 24 anos, principalmente nos casos de corrupção (ainda que com fortes indícios, já que a comprovação se torna difícil em muitos casos) como forma de moralizar o exercício da política.

8) Proibição de apreciação de legislação denunciada como oportunista e contrária ao bem estar da população, para evitar o legislar em benefício próprio e contra o bem coletivo.

9) Proibição do uso de recursos privados em campanhas políticas, de doações privadas (individuais ou de empresas) para campanhas ou manutenção de partidos.

Nesse ponto em particular o MCCE acaba de lançar a campanha Eleições Limpas, que visa fortalecer a democracia representativa e a política por programas e não por fisiologismos através de: 
 
            1. Proibição do financiamento de campanhas por empresas;

            2. Divulgação das contas de campanha em tempo real na internet;

            3. Punição severa para o Caixa 2;

            4. Mais liberdade de expressão na internet;

            5. Menos candidatos e mais propostas;

            6. Barateamento das campanhas;

            7. Democratização dos partidos;

            8. Fim da infidelidade partidária;

            9. Fim do "efeito Tiririca".

Aqui cabe outra pergunta:

- Este é um movimento sem bandeira ou representa o derramamento das necessidades sociais há muito represadas e não satisfeitas?




AMILCAR FARIA, 44, é servidor público federal, diretor de Programas de Controle Social do Instituto de Fiscalização e Controle, membro do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e ativista autoral da rede sustentabilidade.

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Mas seremos nós o início da solução...

Seremos mais um a ser a mudança que queremos ver no mundo, como disse Gandhi, (e a exemplo do Reguffe em seu esforço “ainda” solitário)... Ensinaremos valores pelo exemplo de conduta valorosa (e se as palavras convencem, os exemplos arrastam)!

Seremos rede sustentabilidade, mas também rede solidariedade, porque assim como a mola mestra para multiplicar a sustentabilidade é a educação, a mola mestra para multiplicar cidadania é o ativismo político e para multiplicar valores é a solidariedade!


Abraço Fraterno,
Amilcar Faria.

(Que os Bons não Silenciem aumentando o barulho dos maus!)

Siga no Twitter: @AmilcarFaria
Facebook: amilcar.faria.5 
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"Sozinhos somos presas, juntos somos predadores!

Sozinhos, sem pensar, somos presas fáceis.
Individualmente, mas pensando, somos presas difíceis.
Juntos, sem pensar, somos presas muito difíceis.
Juntos, pensando, somos predadores!

Juntos somos mais; pensando somos imbatíveis!" (Al'Camir)

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