sexta-feira, 20 de julho de 2012

Discurso final do filme de Charles Chaplin "O grande ditador".


Schultz: Você deve falar.

Barbeiro: Eu não posso.

Schultz: Você deve, é a nossa única esperança.

Barbeiro: Desculpem, Mas eu não quero ser um imperador. Esse não é o meu ofício. Não quero conquistar, nem governar ninguém. Eu gostaria de ajudar a todos sempre que possível. Judeus, não-judeu, negros e brancos.

Todos nós queremos ajudar uns aos outros. O ser humano é assim. Nós queremos viver da felicidade dos outros e não do sofrimento. Não queremos odiar e desprezar uns aos outros. Nesse mundo tem lugar para todos, a terra é boa e rica e pode alimentar a cada um. O estilo de vida poderia ser livre e lindo, mas nós nos perdemos no caminho.

A ganância envenenou a alma do homem. Criou uma barreira de ódio, nos guiou no caminho do assassinato e do sofrimento. Nós desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos.

Máquinas que nos dão abundância nos deixaram em necessidade. Nosso conhecimento nos fez cínicos. Nossa inteligência nos fez cruéis e severos. Nós pensamos muito e sentimos pouco. Mais do que máquinas, nós precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, nós precisamos de bondade e gentileza. Sem essas qualidades a vida será violenta, e tudo será perdido.

O avião e o rádio nos aproximaram. A natureza dessas invenções grita em desespero pela bondade do homem. Grita pela irmandade universal e a unidade de todos nós. Mesmo agora que minha voz está alcançando milhões pelo mundo, milhões de homens, mulheres e crianças desesperadas, vítimas de um sistema que faz o homem torturar e prender pessoas inocentes.

Para aqueles que conseguem me ouvir, eu digo: Não se desesperem! O sofrimento que está entre nós agora é só a passagem da ganância, o amargor do homem que teme o progresso humano. O ódio do homem vai passar e os ditadores morrerão. E o poder que eles tomaram das pessoas, vai retornar para as pessoas.

Enquanto os homens morrerem, a liberdade nunca se acabará.
 
Soldados não se entreguem a esses homens cruéis. Homens que desprezam e escravizam vocês, que querem reger suas vidas e lhes dizer o que pensar, o que falar e o que sentir. Que treinam vocês e que os tratam com desprezo para depois serem sacrificados na guerra. Não se entreguem mais a esses desumanos.

Não se entreguem a esses homens artificiais. Homens-máquina, com mentes e corações artificiais. Vocês não são máquinas, vocês não são gado. Vocês são Homens! Vocês tem o amor da humanidade dentro do coração! Vocês não odeiam! Só os que não são amados odeiam e seu desamor não é natural! 
 
Soldados, não lutem pela escravidão, lutem pela liberdade!
No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito: “O reino de Deus está dentro do homem”, não de um homem e não de um grupo de homens, mas em todos os homens, em você! Vocês, as pessoas, tem o poder!

O poder de criar máquinas, o poder de criar felicidade. Vocês, as pessoas têm o poder de fazer essa vida linda e livre, de fazer dessa vida uma aventura maravilhosa. Então, em nome da democracia, vamos usar esse poder, vamos todos nos juntar!

Vamos lutar por um mundo novo!

 
Um mundo decente, que vai dar ao homem uma chance de trabalhar, que vai dar o futuro à juventude e a segurança aos idosos. Prometendo isso, os cruéis vieram ao poder, mas eles mentiram, não cumpriram sua promessa, eles nunca vão. Ditadores libertam eles mesmos, mas eles escravizam as pessoas. Agora vamos lutar para cumprir essa promessa.

Vamos lutar para libertar o mundo, para sumir com as barreiras nacionais. Para sumir com a ganância, ódio e intolerância. Vamos lutar por um mundo de razão. Um mundo em que a ciência e o progresso vão levar à felicidade de todos.
Soldados, em nome da democracia, vamos todos nos unir!



Hannah está me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! 
Vê Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo - um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança.
Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!

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